17/11/2020 – Com 734 instituições financeiras aptas a operá-lo, entrou em funcionamento ontem o Pix, sistema de pagamentos instantâneo do Banco Central. Outras 19 instituições não realizaram todos os testes necessários e retornaram ao processo de homologação. Até ontem o sistema tinha 73,1 milhões de chaves cadastradas, sendo 30 milhões de pessoas e 1,8 milhão de empresas.
Embora algumas transações não tenham sido completadas imediatamente, não houve instabilidade no sistema, afirmou o presidente do BC, Roberto Campos Neto, em entrevista ontem. “O Pix gera inclusão, dá amplo acesso a todos, milhões de pessoas digitalizadas, milhares de novos negócios”, disse. Pouco antes, ele havia feito o primeiro Pix, uma doação para a Associação Amigos do Museu de Valores do Banco Central.
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Em pouco mais de três horas de funcionamento pleno, o Pix contabilizava 1,005 milhão de operações liquidadas, em um total de R$ 777,3 milhões. O desenvolvimento e a implantação de todo o projeto demoraram aproximadamente dois anos – e faz parte da agenda de modernização dos sistemas financeiro e de pagamentos em implantação pela autoridade monetária, a “Agenda BC#”.
O principal objetivo do Pix em um primeiro momento é permitir que pessoas físicas e jurídicas realizem transações 24 horas por dia nos sete dias da semana. Ao criá-lo, a meta era oferecer um meio rápido, barato, seguro, transparente e aberto para realizar esse tipo de pagamento. “Transferir dinheiro tem que ser tão fácil quanto fazer ligação ou transferir mensagem.”
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Campos acrescentou que o sistema terá um papel importante no processo de retomada da economia, com o fortalecimento do e-commerce e a viabilização, pela redução de despesas de transação, de pequenos empreendimentos.
O sistema também fará com que os brasileiros participem de um processo de aceleração do uso da tecnologia que ocorre em todo o mundo, chamado pelo presidente do BC de “6D”: digitalização, desmonetização, desintermediação, desmaterialização, disrupção e democratização.
Usada para facilitar as transações, a chave do Pix poderá ter um uso muito mais amplo e funcionará como uma espécie de identidade digital para possíveis novas funcionalidades do sistema, segundo ele. A chave pode ser, por exemplo, o número de telefone ou o CPF de quem recebe a transferência.
“Temos uma enorme confiança de que o Pix é um meio de pagamento seguro, eficiente e para todos”, afirmou o diretor de organização do sistema financeiro e resolução do BC, João Manoel Pinho de Mello. “O Pix é adaptado às condições brasileiras.”
O sistema brasileiro é superior ao da China, disse o professor visitante da Universidade Columbia Ronaldo Lemos, em palestra no lançamento do Pix. Ele acredita que o sistema brasileiro será caso de estudo internacional.
A segurança é a principal preocupação em relação ao sistema, disse Campos. A estrutura é muito parecida com o que já existia para DOC e TED, mas foram criados gatilhos antifraude. No caso de uma infraestrutura parar, é possível manter outra em funcionamento, acrescentou o diretor de política monetária, Bruno Serra Fernandes.
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Nesse estágio inicial, disse o presidente do BC, a prioridade é assegurar a estabilidade do sistema e proporcionar uma boa experiência ao usuário. Em um segundo momento, serão pensadas ou implantadas novas funcionalidades.
É o caso do Pix Garantido e o Saque Pix, previstos para o primeiro semestre de 2021. O primeiro é o pagamento programado, que permitirá, por exemplo, pagamentos parcelados e operações de crédito. O segundo permitirá que um estabelecimento dê troco em dinheiro para pagamentos realizados por meio do novo sistema.
Fonte: Valor Econômico