22/04/2019 – A semana será decisiva para uma possível greve dos caminhoneiros, previamente marcada para o dia 29 deste mês. Integrantes da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) serão recebidos hoje pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas. Depois que a Petrobras reajustou o diesel em 4,84% na quinta-feira, lideranças da categoria elevaram o tom da crítica ao governo. Caminhoneiros reclamam que não estão sendo ouvidos.
De acordo com a CNTA, o reajuste do diesel “aumentou ainda mais a tensão instalada na categoria, que carrega desde o ano passado a frustração de não ter a Lei do Piso Mínimo do Frete cumprida”.
O caminhoneiro Wanderlei Alves, o Dedeco, de Curitiba, uma das lideranças, disse ontem que só há duas saídas para evitar a greve. “Ou o governo faz valer o piso mínimo em todo o país no prazo máximo de três dias após essa reunião, ou reduz em torno de R$ 0,50 a R$ 0,60 o preço do diesel até que o piso comece a valer”, disse. A principal fonte de insatistação é o não cumprimento do piso para o frete, dizem os caminhoneiros. A categoria tentou uma paralisação em 30 de março, mas, com baixa adesão, lideranças decidiram recuar.
Batizado como “Onyx Lorenzone” [sic], em referência ao ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, o novo movimento divide a categoria, já que algumas entidades sindicais identificaram boa vontade no pacote anunciado dia 16 pelo governo.
Na ocasião o governo criou uma linha de crédito de R$ 30 mil por caminhoneiro para manutenção de veículos e compra de pneus, lançou o um cartão para pagamento prévio de combustível de forma a proteger o motorista de eventuais reajustes mais a liberação de R$ 2 bilhões para reparo das rodovias federais.
A CNTA consultou sua base de associados – 140 sindicatos, nove federações e uma associação colaborativa – e concluiu que há “insatisfação generalizada”.
Caminhoneiros se queixam que as lideranças que negociam com o Planalto não os representam. “Infelizmente o governo tem escutado lideranças que não têm caminhão, não sabem o custo que é ter um caminhão, quanto custa um pneu, quanto se gasta de óleo, não sabem quanto de média faz um caminhão”, diz Wanderlei Alves, um dos líderes da categoria.
Nas reuniões com o governo, a categoria vem sendo representada pelo caminhoneiro Wallace Landim, o Chorão, de Catalão (GO). Chorão contaria com a confiança do diretor do Sindicam (sindicato dos autônomos da Baixada Santista e Vale do Ribeira), José Cícero Rodrigues, e do presidente do Sinditac-VR (Volta Redonda e Sul Fluminense), Francisco Wild. Com influência em áreas bastante afetadas pela greve de 2018, ambos garantem que os caminhoneiros dessas regiões não vão aderir a uma greve neste momento.
Fonte: Valor Econômico*
Texto extraído do site Minaspetro