26/10/2018 – Com preços mais atraentes para as usinas, a produção de etanol hidratado – utilizado diretamente nos veículos flex – cresceu 49,03% neste ano no Centro-Sul do País, enquanto a fabricação de açúcar despencou. Os dados estão em relatório da safra de cana-de-açúcar do Centro-Sul do País divulgado pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). De acordo com o levantamento, desde o início da safra, em abril, até o último dia 16, a produção de etanol – incluindo o anidro, que é misturado à gasolina antes da comercialização -, atingiu 25,86 bilhões de litros. Desse total, 17,87 bilhões foram de hidratado, que apresentou o forte crescimento em relação à safra 2017/18.
A maioria das usinas do Centro-Sul tem plantas industriais com capacidade de fabricar etanol e açúcar, e a definição do total de cana que vai para cada uma depende muito do cenário econômico. Como o etanol nesta safra tem sido mais rentável para as empresas do que o açúcar, as usinas preferiram produzir o combustível. Como reflexo disso, a fabricação de açúcar alcançou 23,39 milhões de toneladas, enquanto no mesmo período de 2017 foram produzidas 31,33 milhões, queda de 25%.
Além disso, de acordo com Antonio de Padua Rodrigues, diretor-técnico da Unica, outro fator que contribui para a menor produção açucareira foi o fato de 17 usinas terem optado por não fabricar o produto. Enquanto na safra passada as usinas que produziram só etanol representaram 14,43% do total de cana moída, nesta safra elas passaram a responder por 19%.
Na safra deste ano, foram processadas 483,56 milhões de toneladas de cana, ou 3,54% menos em comparação às 501,3 milhões do mesmo período na safra passada. A queda no acumulado da safra ocorreu devido à estiagem e deve se acentuar até dezembro, quando a maioria das usinas já terá encerrado a moagem. A projeção da Unica é de que a safra atinja cerca de 560 milhões de toneladas de cana, queda de 6,04% em relação às 596 milhões de toneladas previstas inicialmente. Essas 36 milhões de toneladas de diferença equivalem praticamente à produção do Paraná todo na safra 2017/18, quinto maior produtor do País e que colheu 37 milhões de toneladas. O maior produtor é São Paulo, com 357 milhões de toneladas na última safra.
Até agora, 15 usinas concluíram a safra e tiveram queda média de 15,5% no total de cana moída. Preço sobe em17 estados e no Distrito Federal Os preços do etanol hidratado subiram nos postos de 17 estados brasileiros e no Distrito Federal (DF) na semana passada, segundo levantamento da ANP compilado pelo AE-Taxas. Em outros sete estados houve queda, em Rondônia os preços não variaram e no Amapá não houve avaliação. Na média dos postos brasileiros pesquisados pela ANP, houve alta de 1% no preço do etanol na semana passada, para R$ 2,943. Em São Paulo, principal estado produtor e consumidor, a cotação média do hidratado avançou 0,80% sobre a semana anterior, de R$ 2,746 para R$ 2,768 o litro. No período de um mês os preços do combustível avançaram 5,53% nos postos paulistas.
Além de São Paulo, na comparação mensal os preços do etanol subiram em 19 Estados e no Distrito Federal e recuaram em cinco unidades da Federação pesquisadas. No Amapá não houve avaliação. A maior alta mensal, de 7,47%, foi em Roraima. Na média brasileira o preço do etanol pesquisado pela ANP acumulou alta de 4,81% na comparação mensal. Pernambuco registrou a maior baixa no preço do biocombustível na semana passada, de 0,97%, e o maior recuo mensal também foi de um estado nordestino, a Paraíba, com 4,46%. O preço mínimo registrado na semana passada para o etanol em um posto foi de R$ 2,345 o litro, em São Paulo, e o máximo individual ficou de R$ 4,800 o litro, em Rondônia.
Apesar das seguidas altas nos preços, São Paulo mantém o menor preço médio estadual, de R$ 2,768 o litro, e o maior preço médio ocorreu nos postos do Acre, de R$ 4,037 o litro. Os preços médios permanecem vantajosos sobre os da gasolina em sete estados e no DF. Além dos cinco estados entre os maiores produtores do País – São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Goiás e Mato Grosso – a competitividade continua no Rio de Janeiro, Paraíba e no DF.
Fonte: Jornal do Comércio