29/01/2021 – O preço do óleo diesel da Petrobras tem sido alvo de pressão por parte de alguns grupos com interesses particulares e também tema de “comentaristas de futebol” que dão opiniões sem fundamentos técnicos, disse o presidente da estatal, Roberto Castello Branco, em evento virtual do banco Credit Suisse nesta quinta-feira, 28. Para o executivo, o preço do diesel não é um problema da Petrobrás, mas da idade da frota de caminhoneiros autônomos e da condição das estradas brasileiras.
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Nesta semana, a empresa elevou o preço do diesel em 4,4%, a primeira alta do ano. Com o anúncio do reajuste, caminhoneiros intensificaram as ameaças de paralisação no início de fevereiro, em protesto ao aumento do custo do transporte rodoviário, que tem no diesel um dos seus principais componentes.
O Ministério da Economia já avalia a redução de PIS/Cofins sobre o diesel. Técnicos alertam, porém, que a medida só vai para frente se houver compensação, ou seja, elevação de outro tributo ou corte de subsídio. As opções ainda estão sendo analisadas pela área econômica.
Na quarta-feira, 27, o presidente Jair Bolsonaro fez um apelo aos caminhoneiros para que desistam da greve.
Sem citar nomes de entidades representantes de caminhoneiros, Castello Branco disse, durante o evento, que grupos de pressão têm recorrido a políticos para pressionar o governo federal a interferir nos preços dos combustíveis. “Todo mundo sabe onde bater, como se o grande vilão fosse a Petrobrás. A Petrobrás não será mais a vilã. A Petrobrás hoje pratica preços de paridade internacional”, afirmou.
Castello Branco argumenta que há frota com idade média de 20,5 anos. “São caminhões antigos, altamente consumidores de diesel, que fazem em média 2 km com 1 litro de diesel. O custo do diesel é muito mais alto para eles e o custo de manutenção, evidentemente, é mais alto. Não é um problema da Petrobrás”, alegou.
Na defesa da companhia, disse ainda que costuma passar pela estrada Rio-Petrópolis, que, em sua opinião, “é de péssima qualidade”, apesar de ser uma concessão. “Imagina as estradas que não têm pedágio? Muitas delas são de terra, que impõem custos muito altos aos transportadores rodoviários de carga”, acrescentou.
Ele ainda ironizou o fato de a empresa ser criticada, simultaneamente, por praticar preços baixos e elevados do diesel. De um lado, os caminhoneiros reclamam que o combustível está caro. Do outro, importadores acusam a empresa de adotar valores abaixo dos de importação para inibir a concorrência.
“Isso é como discussão sobre futebol. Todo mundo quer dar sua opinião. Existe toda uma literatura econômica sobre repasse de preços”, afirmou o presidente da estatal, enfatizando que, em 2019 e 2020, a Petrobrás manteve seus preços alinhados ao mercado externo. “A paridade de preço de importação não é um valor absoluto. Temos custos , acesso a preços, capital de giro e condições de logística diferentes”, argumentou.
Fonte: O Estado de S. Paulo*
*Extraído do site Fecombustíveis