01/09/2020 – Um litro de gasolina por apenas onze centavos. Uma notícia dessas faria a felicidade de muita gente, mas infelizmente não é aqui no Brasil que o combustível tem esse preço. O valor é cobrado na Venezuela, país com a gasolina mais barata do mundo. Claro que lá é contabilizado na moeda oficial do país, o bolívar venezuelano, mas quando fazemos a conversão, a quantidade é equivalente aos 11 centavos do nosso real.
Eu sei que você sofre internamente toda vez que precisa parar no posto para abastecer o carro. Dói no bolso, não é? Mas eu preciso te contar que apesar de estar longe de ser um dos países com a gasolina mais barata do mundo, o Brasil também está longe de ser o lugar com a gasolina mais cara. Nós estamos mais ou menos na metade do caminho com o litro custando em média 4 reais. Em um extremo dessa linha nós temos a Venezuela com 11 centavos por litro, como já falamos, e no outro extremo está o Zimbábue, onde cada litro da gasolina custa em média 15 reais.
Além de já fazer parte do seu dia a dia, o combustível também ganhou destaque nas últimas semanas porque a nova gasolina chegou aos postos do país. Mas qual é a diferença do produto, o que ele promete e por que o preço aumentou? A gasolina é formada por diversas substâncias que são colocadas em quantidades e condições específicas, como a temperatura, para virar o combustível que nós conhecemos.
Quando falamos que o Brasil passou a ter uma nova gasolina, não significa que é um produto totalmente novo e revolucionário. Na verdade, só significa que essas especificações de quantidades e condições das substâncias mudaram. Quem define cada detalhe desse é um órgão regulador chamado Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis, a ANP. E foi ela que alterou essas regras sobre a gasolina. Mas o que muda exatamente?
Bom, o primeiro ponto é o peso da gasolina. De acordo com as novas regras da ANP, agora o líquido precisa ter uma densidade mínima estabelecida. Antes dessa regulação não tinha exigência dessa massa mínima. Essa nova regra é boa porque quando a gasolina é muito leve, ou seja, tem uma densidade muito baixa, o veículo consome mais combustível pra render o mesmo tanto.
Outra novidade é que agora foi adotado um padrão na contagem da octanagem da gasolina. A octanagem é o nível de resistência da gasolina à combustão no motor. Se o combustível tem uma octanagem maior, ele vai resistir e demorar mais a queimar dentro do motor, então pela lógica, ou pela física, significa que aquela gasolina vai render mais e ser o mais eficiente possível. Além disso, especialistas também apontam que a octanagem mais alta ajuda a preservar os motores.
Na verdade, o objetivo dessas alterações é tornar a gasolina vendida aqui no Brasil de melhor qualidade e com um desempenho maior. De acordo com a Anfavea, que é a associação das fabricantes de veículos, essas mudanças fazem com que o combustível brasileiro se modernize e se aproxime dos padrões europeus. A ideia é que a partir dessas mudanças, as montadoras possam fabricar novos veículos com motores mais econômicos, menos poluentes e mais eficientes. E nos automóveis de agora, pode aumentar a vida útil do motor.
Mas, como tudo tem um preço, é claro que essa melhora na qualidade não viria de graça. A Petrobras informou que a nova gasolina deve sim ser mais cara, mas também disse que esse aumento de preço vai ser compensado pelo maior desempenho do produto. Ou seja, apesar de o motorista pagar mais pelo combustível, o veículo rodará mais quilômetros com um litro de gasolina.
A previsão é de que a melhora na qualidade vai permitir uma redução de 4 a 6% no consumo de gasolina por quilômetro rodado. Pelo menos é o que diz a Petrobras. Além disso, outra previsão é de que a nova gasolina ainda deve ajudar na redução de emissões de gases poluentes. Cada litro consumido gera uma quantidade de gás carbônico. Com um consumo 4% menor, as emissões também devem cair 4%.
No fim das contas, será que a nova gasolina vale a pena em relação a custo benefício?
Fonte: Exame