Quando se trata de falar sobre escalas de trabalho ou horas trabalhadas por semana é preciso considerar uma série de variáveis para qualquer tomada de decisão, por isso é importante lembrar que a produtividade de um trabalhador brasileiro é baixa, sendo cerca de 25% da produtividade de um trabalhador americano. Em 2022, a produtividade do trabalhador brasileiro caiu 4,5%. Não que isso seja culpa direta do trabalhador, mas estamos falando de um sistema de comércio indústria e serviços em que a mão-de-obra disponível não consegue produzir algo perto de países desenvolvidos. Considera-se também os avanços tecnológicos que permitem que esta mão-de-obra desenvolva e aumente a sua produtividade.
A produtividade de um país é calculada dividindo-se com o seu PIB pela quantidade de horas trabalhadas, e quando se trata de comparar Brasil com o mundo essa diferença é gritante. O Brasil produz, em média, US$ 10,78 por hora, enquanto a Noruega produz US$ 75,08, Luxemburgo US$ 73,22 e os Estados Unidos US$ 67,32. Avaliando o quesito de produtividade a gente vê que diminuir as horas trabalhadas pode impactar diretamente no resultado das empresas e dificultar ainda mais a economia.
Um dos argumentos mais fortes, e podemos dizer que justo, para se aprovar a tramitação do projeto da escala 4 x 3, trata da qualidade de vida do indivíduo. De fato, tirar um dia de trabalho pode impactar positivamente no resultado da saúde dos cidadãos e trabalhadores, podendo fomentar o turismo, aumenta da utilização de serviços entre outros. Não é de todo mal dar mais um dia na semana para o trabalhador.
O que precisamos avaliar é tudo o que se tem feito para melhorar a qualidade de vida do trabalhador brasileiro, este trabalhador que labora 8 horas por dia, porém chega a passar 12 horas fora de casa por não ter um sistema de transporte ágil barato e de qualidade. Será que estamos realmente pensando na qualidade de vida do trabalhador, quando este leva semanas ou meses para conseguir agendar uma consulta no sistema único de saúde? Será que estamos pensando no trabalhador quando sufocamos o poder de compra do seu salário, impedindo que ele tenha acesso a produtos e serviços de qualidade, e que talvez neste dia de folga, para melhorar sua qualidade de vida, ele tenha que trabalhar mais ainda, quem sabe fazendo bicos para tentar melhorar a qualidade de alimentação, educação e saúde de sua família?
Eu sou amplamente favorável a escala de 4 x 3, desde que tenhamos feito todo o dever de casa para melhorar, ampliar e salvaguardar a qualidade de vida do cidadão e trabalhador brasileiro. Qualquer outro tipo de argumento parecerá hipocrisia de alguém que tenta tirar do estado a responsabilidade por toda a qualidade social e de vida dos indivíduos e jogar nas costas do setor privado, como se este fosse o responsável por receber os impostos pagos pelos cidadãos, e usá-los de forma indevida tornando a mobilidade um dos piores aspectos da qualidade de vida dos trabalhadores brasileiros.
Questionar os problemas é sempre louvável e o Congresso está ali para isso, para debater, para propor, para entender os anseios da população e discutir de forma correta como melhorar a vida de seus eleitores. Mas a partir do momento em que a política destoa da realidade não entendendo que estamos distantes em produtividade, que não temos um controle fiscal que garanta uma inflação baixa e possibilite um aumento e ganho real de poder de compra da nossa moeda, tentar compensar todas essas falhas diminuindo a carga horária trabalhada, a qual volto a dizer que sou amplamente favorável, desde que tenha se feito tudo para melhorar a qualidade de vida do trabalhador brasileiro, assim como os países citados como exemplo desta tentativa de proposta de emenda da nossa Constituição, fizeram com transporte de qualidade, acesso à educação gratuita e de alto nível, assim como uma saúde acessível.
Apesar de considerar a quantidade de assinaturas para que a proposta de emenda à Constituição comece a rodar a tramitar dentro do Congresso esteja cercada de um viés propagandista numa suposta defesa do trabalhador brasileiro, ainda assim acredito que o debate é muito saudável, mesmo neste momento em que estamos distantes daqueles países que atingiram o sucesso com a escala 4 x 3.
Esse conteúdo foi escrito pelo nosso parceiro Roberto James do Blog do Errejota.
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