Em vigor desde 1º de agosto, a nova gasolina com 30% de etanol anidro (E30) chegou cercada de polêmica. Teve quem apostasse em problemas para carros mais antigos e também quem desconfiasse da economia prometida. O governo falava em até R$ 0,11 a menos no litro. Passado um mês, a realidade é outra. A queda até veio, mas bem menor do que o dados oficiais.
Os números da ANP mostram que a média nacional passou de R$ 6,15 em julho para algo entre R$ 6,04 e R$ 6,10 em agosto. No melhor dos cenários, o alívio ficou em R$ 0,11, mas a maioria dos estados registrou reduções bem discretas.
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Em São Paulo, maior mercado do país com 5.272 postos pesquisados em julho e 4.603 em agosto, o preço praticamente não mudou, de R$ 6,05 para R$ 6,04. No Rio de Janeiro, onde a agência verificou mais de 1.200 postos, a diferença foi de três centavos. No Rio Grande do Sul, com mais de 1.000 postos, a redução foi de sete centavos.
Quem puxou a fila da queda foi Rondônia, que passou de R$ 6,83 em julho (245 postos) para R$ 6,68 em agosto (193 postos). Maranhão e Piauí continuam com os preços mais baixos, abaixo de R$ 6, com mais de 600 postos monitorados nos dois meses. Do outro lado, Acre, Roraima e Amazonas seguiram acima de R$ 7, apesar da variação de poucos centavos.
Nem todos os estados, entretanto, acompanharam a tendência. Mato Grosso, com mais de 300 postos pesquisados, viu o litro subir R$ 0,12. No Rio Grande do Norte, a alta foi de R$ 0,09 em mais de 190 pontos de venda. Sergipe e Tocantins também tiveram aumentos, ainda que pequenos.
Preço médio da gasolina comum – julho x agosto (R$/litro)
| Estado | Julho | Agosto | Variação | 
| Acre | 7,62 | 7,57 | -0,05 | 
| Alagoas | 6,3 | 6,23 | -0,07 | 
| Amapá | 6,06 | 6,02 | -0,04 | 
| Amazonas | 7,05 | 7,03 | -0,02 | 
| Bahia | 6,26 | 6,24 | -0,02 | 
| Ceará | 6,42 | 6,36 | -0,06 | 
| Distrito Federal | 6,44 | 6,48 | 0,04 | 
| Espírito Santo | 6,08 | 6,03 | -0,05 | 
| Goiás | 6,19 | 6,16 | -0,03 | 
| Maranhão | 6 | 5,95 | -0,05 | 
| Mato Grosso | 6,13 | 6,25 | 0,12 | 
| Mato Grosso do Sul | 5,95 | 5,95 | 0 | 
| Minas Gerais | 6,15 | 6,1 | -0,05 | 
| Pará | 6,22 | 6,23 | 0,01 | 
| Paraíba | 5,99 | 5,98 | -0,01 | 
| Paraná | 6,48 | 6,48 | 0 | 
| Pernambuco | 6,3 | 6,32 | 0,02 | 
| Piauí | 5,88 | 5,82 | -0,06 | 
| Rio de Janeiro | 6,07 | 6,04 | -0,03 | 
| Rio Grande do Norte | 6,14 | 6,23 | 0,09 | 
| Rio Grande do Sul | 6,13 | 6,06 | -0,07 | 
| Rondônia | 6,83 | 6,68 | -0,15 | 
| Roraima | 6,95 | 6,95 | 0 | 
| Santa Catarina | 6,38 | 6,35 | -0,03 | 
| São Paulo | 6,05 | 6,04 | -0,01 | 
| Sergipe | 6,6 | 6,64 | 0,04 | 
| Tocantins | 6,49 | 6,53 | 0,04 | 
E por que não baixou como esperado?
O repasse das reduções anunciadas pela Petrobrás até o consumidor final não acontece de forma automática. Cada estado define a forma de cobrança do ICMS, o que gera diferenças regionais nos preços.
Além disso, a proporção de etanol na mistura e as margens de lucro das distribuidoras e dos próprios postos influenciam diretamente no valor final da bomba. Esses fatores ajudam a explicar por que alguns lugares tiveram quedas menores — e até aumentos — mesmo após a adoção da nova gasolina E30. Além disso, a maior demanda por etanol para a mistura na gasolina pode ter afetado a demanda e impactado os valores.
Fonte: ANP / Fecombustiveis