09/03/2020 – A maior queda na cotação do barril do petróleo desde 1991 – o valor está em desvalorização de 30% após a Arábia Saudita reduzir seus preços e sinalizar aumento da produção em represália à Rússia – terá impactos no Brasil e no mundo.
Analistas preveem um forte nervosismo nos mercados financeiros, já abalados pelo surto do coronavírus, e perdas relevantes para países exportadores de petróleo. No Brasil, a queda no preço do barril terá impacto para a Petrobras e para o governo, que terá menor arrecadação com royalties.
No Brasil
Petrobras
O preço do petróleo pode dificultar a venda de ativos programada pela estatal e provocar perdas para a petrolífera. A Petrobras segue uma política de preços de paridade com a cotação internacional e, se reduzir o valor da gasolina, vai lucrar menos.
Arrecadação
Com o petróleo mais barato, União, estados e municípios vão arrecadar um valor menor de royalties. Além disso, o ICMS cobrado sobre os combustíveis é uma das principais fontes de arrecadação de impostos para vários estados. Com a gasolina mais barata, essa arrecadação vai cair.
Leilões de petróleo
Há pelo menos três leilões de petróleo previstos para este ano. A redução no preço da commodity pode reduzir o interesse dos investidores por esses leilões. A incerteza no setor também dificulta o planejamento desses investimentos.
Etanol
A queda no preço da gasolina vai diminuir a demanda por etanol. Usinas devem ter perdas de receita, o que pode aprofundar a crise no setor.
No mundo
Mudanças climáticas
Com o petróleo mais barato, fica mais difícil os investimentos em energias renováveis, como solar e eólica, cujo custo de produção é maior. Isso dificulta a busca por estratégias para reduzir os impactos das mudanças climáticas.
Países dependentes de petróleo
Países cujo orçamento têm forte dependência do petróleo, como Iraque, Irã e Nigéria, sofrerão um forte impacto. A Venezuela, já em crise, também será afetada.
Estados Unidos e o ‘shale gas’
Os EUA aumentaram fortemente sua participação no mercado global de petróleo graças ao shale gas, ou gás de xisto. Mas esta produção só é viável com preços de petróleo mais altos. Por isso, a indústria americana de shale gas será fortemente afetada.
Geopolítica
Não está claro ainda quais serão os desdobramentos geopolíticos do novo patamar de preço do petróleo. Mas analistas, num primeiro momento, avaliam que a influência de grandes produtores, como Arábia Saudita e Rússia, pode ser abalada.
Fonte: O Globo*
*Extraído do site Fecombustíveis