Conselheiro questiona mudanças na Petrobras em meio a eleições

Primeira mudança na diretoria da Petrobras durante a gestão Caio Paes de Andrade, a nomeação do novo diretor de Transformação Digital e Inovação da companhia, Paulo Palaia, foi rejeitada por três conselheiros independentes da estatal.

O representante dos minoritários Francisco Petros e a representante dos trabalhadores, Rosângela Buzanelli, questionaram a falta de experiência de Palaia para o cargo, que é responsável pela gestão do centro de pesquisa e desenvolvimento tecnológico da estatal, o Cenpes.

Petros questionou ainda a conveniência da mudança em meio ao período eleitoral, já que a governança da companhia pode sofrer “alterações substantivas” dependendo do resultado das urnas. “Em termos de conveniência e oportunidade, não me parece haver justificativa para tal mudança.”

O conselheiro Marcelo Mesquita, que também representa minoritários, foi o terceiro voto contra a nomeação, mas sua justificativa não foi publicada na ata da reunião, divulgada pela Petrobras nesta segunda-feira (3). Os outros oito conselheiros, mais alinhados ao governo, votaram a favor.

Palaia é próximo da família Bolsonaro e foi nomeado para substituir Juliano Dantas, funcionário de carreira da estatal que assumiu a diretoria em dezembro, durante a gestão Joaquim Silva e Luna. Ele tem experiência na área de tecnologia da informação e trabalhou nas companhias aéreas Gol e Webjet.

“Apesar da vasta experiência, o profissional não atuou em uma organização com tamanha complexidade e capacidade de desenvolver novas tecnologias como a Petrobras”, afirmou Buzanelli, em seu voto em reunião do conselho do dia 21 de setembro.

Paes de Andrade assumiu a presidência da Petrobras no fim de junho, com a missão de dar “nova dinâmica aos preços dos combustíveis”, segundo o presidente Jair Bolsonaro (PL). Desde então, vem acomodando aliados do governo e do Exército em cargos na estatal.

Além de Palaia, nomeou como assessores da presidência o coronel Luiz Otávio Franco Duarte, que atuou sob o comando do general Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde, e o militar da reserva Mario Pedroza da Silveira Pinheiro.

As nomeações se seguem a uma grande mudança no conselho de administração da companhia, que passou a ser formado majoritariamente por ocupantes de cargos públicos alinhados ao governo, como o número dois de Ciro Nogueira na Casa Civil, Jônathas Assunção.

Para derrubar resistências a novos indicados, o novo conselho mexeu na estrutura do comitê responsável pela avaliação dos currículos, retirando do grupo representantes dos acionistas minoritários, como Petros, que vinha votando contra o governo.

Fonte: Folha de S. Paulo*

*Extraído de Fecombustíveis

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